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domingo, 15 de julho de 2012

AS AFINIDADES


AFINIDADES


"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o princípe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
- O que quer dizer cativar ?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro amigos, disse. Que quer dizer cativar?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa criar laços...
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música. E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principe, mas eu não tenho tempo. Tenho amigos a descobrir e mundos a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! Os homens esqueceram a verdade, disse a raposa. Mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"...

Antoine de Saint-Exupéry - O Pequeno Príncipe



Diariamente me pego pensando, sofrendo a falta física de meu filho...

Com ele passei os melhores momentos de minha vida, com ele aprendi o que é amar, o que é o verdadeiro amor,  aprendi tudo...tudo o que sou.

Tenho dignidade, tenho amor no coração, tenho até coragem!

Aprendi a valorizar as pequenas coisas e a não valorizar demais os obstáculos que surgem na vida. Enfim, aprendi a colocar os pés no chão e a dar um passo de cada vez...

Só não aprendi ainda a estar longe dele, a viver sem ele, a não vê-lo todos os dias, a não ter a sua companhia amável e que me fazia rir de tudo, até dos problemas!!!
Esse vazio todo que sinto me fez refletir sobre as ligações espirituais, laços muito mais fortes que os carnais. Assim, trago a questão nº 297, do Livro dos Espíritos:



"297 A afeição que dois seres tiveram na Terra sempre continuará no mundo dos Espíritos?
– Sim, sem dúvida, se é fundada sobre uma simpatia verdadeira. Mas se as causas físicas foram maiores que a simpatia, ela cessa com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e mais duráveis do que as da Terra, porque não estão sujeitas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio."

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